A SAGA DO TENENTE DANILO NA ITÁLIA!

ENTRE os gaúchos do 1º Grupo de Aviação de Caça, durante a épica e jamais inigualada campanha da FAB na Itália, havia um tenente-aviador todo diferenciado, um tipo diferente, ímpar por suas atitudes e reações, completamente despido de maldade, simplório e verdadeiro na sua maneira de ser, sem inibições nem filtros. Resumindo: Danilo Marques Moura era uma figura simpática com a sua barba espessa, que azulava ao sol e parecia estar sempre por fazer. Para uns, era inteligente e vivo, mas recusava-se terminantemente a pensar durante muito ou mesmo pouco tempo, falando, por isso, de um modo todo peculiar, o que o tornou muito popular entre os fazedores de anedotas, que por sinal, foram muitas a seu respeito. Para outros, o Gaúcho era igualmente inteligente, porém seus gestos e palavras que provocavam gargalhadas eram de caso pensado, não espontâneos. Independentemente do que pensava um ou outro, o Índio usava o dialeto gaúcho com perfeição, exagerando até. Tudo isso, mais outras peculiaridades e finalmente a sua fuga – fato que contrariou todas as regras do bom senso, especialmente o dos técnicos no assunto –, tornaram-no o personagem mais importante do Grupo, pois passou da anedota para a ópera, ou seja a ação. Sim, de fato foi composta uma ópera em alusão à sua saga, uma ópera inédita aos estranhos ao Grupo, em que os poetas do 1º Grupo de Caça imortalizaram os feitos desse gaúcho nativo de Cachoeira do Sul. É sobre esse herói (um herói picaresco ou mesmo um anti-herói, como alguns preferem) que trata este capítulo, que a muitos parecerá uma anedota, mas que é a pura verdade. Daria um excelente filme de ação e drama, caso o Brasil tivesse a tradição dos ianques de promover a imagem de seus heróis. Enquanto o filme ou a série de televisão não vêm, vamos contando aqui a história do Danilo.

DANILO em um dos raros momentos de lazer, junto a seus irmãos, também militares.

Era a manhã de 4 de fevereiro de 1945, um dia de inverno, ensolarado, mas bastante frio, com a neve ainda cobrindo o Norte da Itália, quando ele decolou para a décima primeira missão. Minutos antes, estivera junto a alguns colegas, também pilotos de caça como ele, enquanto fazia os últimos preparativos para voar. Estava bonito, bem uniformizado, barbeado com um capricho até mesmo desnecessário, pois sua barba azulada ficaria oculta, de qualquer jeito, pela máscara de oxigênio. Ora! Afinal, ele era todo diferentão. Parecia pronto para ir ao encontro da buona sera. Vestiu sobre o fardamento caprichado, o macacão de voo forrado de tecido peludo e quente, próprio para grandes altitudes, passando a transpirar imediatamente, o que mais realçava o azul de sua barba. Aquela indumentária era realmente muito quente. Jogou conversa fora com alguns colegas antes de partir.

E nessa manhã…

Ele não regressou! Seu avião foi abatido pela artilharia antiaérea alemã nas proximidades de Treviso muito ao norte de sua base, que ficava em Pisa. Durante algum tempo, ninguém soube exatamente o que acontecera. Pelo rádio, ouviram-no dizer que ia saltar de paraquedas.

Continua…

L.s.N.S.J.C.!

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