O GLORIOSO Botafogo

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“HÁ COISAS que só acontecem com o Botafogo” –   tal expressão pessimista era muito propagada antigamente. Lembro-me até de uma música que dizia assim: “Se o Botafogo daqui é assim, imagine na Jamaica”. De fato, tudo dava errado para o time da estrela solitária, tendo amargado um jejum de 21 anos. Ainda bem que esse período funesto ficou para trás. Não sou torcedor do Botafogo, porém há times no Brasil que a gente acaba por adotar, e aquele Botafogo, o Glorioso, de Garrincha (caricatura) e Nilton Santos (estátua), ficará eternamente em nossos corações.

Adiante, como filho de um botafoguense, reproduzo um texto de autoria do internauta RAIMUNDO SODRÉ, um poeta nosso, paraense de Xapuri, radicado em Barcarena, Pará.

Guardo até hoje, integro, o sentimento do primeiro encontro. Foi no minúsculo estádio de General Severiano, na tarde do dia 10 de setembro de 1944. Tinha eu acabado de chegar de Xapuri (…) O Botafogo é bem mais que um clube – é uma predestinação celestial. Seu símbolo é uma entidade divina. Feliz da criatura que tem por guia e emblema uma estrela. Por isso é que o Botafogo está sempre no caminho certo. O caminho da luz. Feliz do clube que tem por escudo uma invenção de Deus”.

O Botafogo tem esta capacidade de suscitar insuperáveis paixões. De reger fidelidades, instituir amores. Ratificar loucas e imponderáveis opiniões.

Mas, “há sempre um pouco de razão na loucura”. Os meus porquês para este apego sem regras ao Botafogo, não são tão celestiais (ou são?) assim, como os do ilustre jornalista acreano. Estão ali do lado direito do campo. E nem vou contar com o Garrincha. Quando cheguei aqui, (vindo, assim como o Armando Nogueira, das terras encantadas do Xapuri), e tomei termo nesta Belém amada, o Garrincha já havia deixado o Botafogo (jogou no Botafogo de 1953 a 1965). O grande astro do alvinegro carioca, por aqueles dias, era o Jairzinho, que com muito vigor e estilo reiterava a missão sagrada de jogar na ponta-direita do Botafogo. Naquele tempo as jogadas de fundo, o talento exibido em espaços exíguos do campo, os guizas e os dribles curtos e devastadores ainda eram valorizados (depois veio o overlap, o ponto futuro, a tal da tática positivista, o obediente ‘Búfalo Gil’… e o ponta reduziu-se acanhado e sem sal, até sumir). Tanto que a crônica esportiva reconheceu que para atuar ali o jogador tinha que ter a essência, tinha que ter o dom. Tinha que ser um ‘ponta nato’. Tinha que nascer com a chama, com o brilho. E tinha que provocar espanto, deslumbre, êxtase e encantamento. O Botafogo, naqueles tempos, produziu uma sequência memorável de jogadores. Era de impressionar (e quem viu o jairzinho jogar na copa de 70, vai me dar razão. O cara arrebentou. Foi o nome, dentre os nomes daquela seleção. Parecia que estava possuído por uma força estranha. Fez gol em todos os jogos daquela grande conquista. Um fenômeno!).

Impressioneime e virei um botafoguense ali, ó, no jeito.

Logo depois do Jairzinho, o Botafogo lançou o Zequinha. Era o tipo do ponta serelepe. Sassariqueiro. Era um espetáculo. Dava gosto de ver o zequinha jogar. No templo sagrado do futebol, Zequinha jogava como se estivesse com a minha pariceirada, no sábado de manhã, lá no campo do Asas do Brasil. À vontade, muito à vontade para ir até a linha de fundo, cruzar e nos fazer felizes.

Por incrível que pareça!

‘No México que é bom. Lá a gente recebe semanalmente de 15 em 15 dias.’ Ferreira, ex-ponta esquerda do Santos)


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