A VIDA É como uma caixa de bombons!

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A obra, espelhada no livro de Winston Groom, do qual foi adaptada, possui uma narrativa capitular, amarrada pela narração já citada do personagem. Sua condição mental, que o torna praticamente uma criança, possibilita a abordagem descontraída de temáticas pesadas e, muitas vezes, garante o humor junto das inusitadas situações passadas pelo protagonista. Da inspiração para a dança de Elvis Presley até o escândalo Watergate acompanhamos Gump por diversos acontecimentos históricos sendo reescritos, como se ele estivesse presente ou até fosse o responsável por cada um deles. Guilherme Coral (Plano Crítico)

COMO sempre ocorre comigo quando me deparo com algo excepcional, paro e fico a observar. Mais ainda: volto ao local para rever o objeto que de início me chamou a a atenção. Sendo alguém que discorreu sobre determinado assunto, torno a procurá-la para ouvir novamente aquilo que me deixou impressionado. Se um livro, leio-o mais de uma vez, me dando ao trabalho de rasurá-lo marcando as passagens interessantes. Não contente, procuro outras obras sobre o tema para saber mais, além de campear por resenhas e críticas. Com o advento da internet, também recorro aos seus múltiplos recursos, como as redes sociais como o youtube.

Tom Hanks na pele de Forrest Gump (fonte: Plano Crítico)

Recentemente, ao viajar e rever as obras de arquitetura de Niemeyer, tornei a estas páginas a escrever um pouco sobre o maior arquiteto brasileiro, ele que, junto com Lúcio Costa, Israel Pinheiro e Bernardo Sayão, aceitou o desafio de, a convite de Juscelino, construir a capital mais bonita e moderna do planeta Terra. Para isso, tive que me debruçar sobre livros, documentários e filmes existentes sobre Oscar, o homem.

Não foi apenas sobre arquitetura, que tanta gente boa e mais entendida no assunto já discorreu. Foi, sobretudo, acerca da humanidade de Oscar que me detive a falar.

Costumo fazer o mesmo em relação aos produtos da sétima arte.

Já marquei aqui nestas páginas alguns alguns pontos da fabulosa película brasileira Bye Bye Brasil, escrita e dirigida por Carlos Diegues, bem como sobre a obra que focaliza a realidade marcante do velho oeste norte-americano, que o italiano Sergio Leone, criou em Três Homens em Conflito. Creio que não esqueci do ator britânico Peter Sellers, o atrapalhado Inspetor Closeau, de quem em três filmes me detive: O Abilolado Endoidou; Um Convidado bem Trapalhão e Muito Além do Jardim. Outra vez, dediquei uma página a Luzes da Cidade, do inigualável Charles Chaplin, que muitos consideram a sua obra-prima com o final mais belo de todo o Cinema.

Quanto ao Cinema — não sei se notaram — cito três grandes diretores, nenhum deles nativo do país do Cinema. Desse país, na verdade, há poucos na sétima arte cujo trabalho me chama a atenção. Um deles é Robert Zemeckis, objeto desta postagem, com seu premiadíssimo filme Forrest Gump.

“Robert Zemeckis nasceu em uma família católica de classe média em Chicago. Sua família não apreciava livros, cinema ou música, restando como única fonte de inspiração, a TV. Dessa forma, cresceu fascinado pela televisão e por uma 8 mm que seus pais possuíam. Começou filmando eventos familiares, como aniversários e feriados, e com o tempo, junto de alguns amigos, passou a fazer filmes criados por ele, onde incluía pequenos efeitos especiais, como stop-motion”. Wikipédia

Vi, revi e voltei a ver (por muitas vezes) Forrest Gump, com a marcante interpretação de Tom Hanks no papel-título. É uma obra baseada no livro de Winston Groom, considerada o projeto mais maduro e exitoso de Zemeckis. A produção lhe rende uma estatueta, outra a Tom Hanks, além de mais quatro. Medindo em forma de cifras, Forrest Gump gera a seus produtores a bagatela de 477 milhões de dólares.

Muito já se foi falado, escrito e ouvido sobre o diretor e seu mais exitoso filme. Além das obviedades, procuro, entretanto, falar sobre aspectos que poucos viram, falaram ou deram atenção. De Niemeyer, falei sobre o excepcional ser humano que habitou na pele do célebre arquiteto; sobre Três Homens em Conflito, discorri sobre o realismo, faceta habilmente explorada por Sergio Leone, em contraponto aos romantizados filmes de Hollywood até então; em Luzes da Cidade, de Chaplin, foquei a questão do álcool, recurso utilizado pelo homem para fugir das regras sociais impostas por esse mesmo homem enquanto sociedade; Já sobre Peter Sellers, escrevi sobre três de seus filmes em que desafia a sociedade em seus padrões conservadores.

Tom Hanks como Forrest (fonte: Google images)

Em determinado momento do filme, a mãe de Forrest fala para o filho “Você deve fazer o melhor com o que Deus deu para você”.

Um dos enfoques sutis da obra reside na vocação familiar, uma espécie de redoma da sociedade, que não permite facilmente aos indivíduos mudarem de classe social. É assim com o tenente Dan, cujos ancestrais masculinos foram militares que morreram na frente de batalha. O mesmo em relação à motorista do ônibus escolar, que se mantém na mesma atividade laboral da juventude à velhice. Igualmente a mãe de seu amigo Buba, cuja bisavó, avó e mãe serviram a famílias brancas como empregadas domésticas. Esta última, tendo o filho morto pelas consequências nefastas de uma guerra absurda, logra ascender socialmente pela obra, graça e bondade de Forrest, que, em sua limitação intelectual, não sabe fazer distinção de raças e classes.

Outro é sobre a guerra, uma das maiores idiotices já inventadas por homens que a sociedade reputa inteligentes.

“Por que foi acontecer isso, Forrest?”

São as últimas palavras de Buba a Forrest, que, ignorando o perigo, retira o amigo do meio do fogo cruzado, possibilitando à família, ao menos, dar ao jovem um túmulo digno. Como consequência viva da guerra está aí o mutilado tenente Dan, também salvo da morte por Forrest. Dan, agora sem as duas pernas, é uma criatura revoltada, uma aberração, segundo a prostituta que acompanha os dois na passagem de ano.

“Por que você me salvou? Eu devia ter ficado lá para morrer com os meus homens”.

Ele próprio é testemunho do horror, que são as consequências de uma guerra estúpida, que matou, que mutilou, que inflingiu e que continua a infligir sofrimentos – físicos e psíquicos.

L.s.N.S.J.C.!

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