POR PERCEBER os grandes e verdadeiros heróis brasileiros, que por uma razão ou outra, poucos são reverenciados, a brasilidade me leva a dedicar esta página ao genial arquiteto brasileiro Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, ou tão-somente Oscar Niemeyer, não só o maior nome da arquitetura brasileira, mas sobretudo uma grande figura humana, como pretendo demonstrar.

Niemeyer nasce a 15 de dezembro de 1907 no Rio de Janeiro, morrendo a 5 de dezembro de 2012 na mesma cidade. Foi, portanto, um homem centenário que — por uma grande ironia da vida — desafiou os preceitos da medicina que recomendam ao indivíduo praticar vida saudável: era inveterado fumante, apreciava bons vinhos, além de ter perdido sono por noites e noites a dentro, imerso em seus projetos… No entanto, talvez se explique a longevidade pelo fato de Niemeyer ter amado profundamente o que fazia, ter amparado a tantos quantos dele precisasse, sem apegos excessivos ao dinheiro e às preocupações fúteis. Era o artista apaixonado pela Arquitetura; o homem amante da vida; adepto do “viva e deixe viver”.
Recorda Niemeyer:
“Meu avô era intrinsecamente honesto e, tendo ocupado cargos importantes, morreu pobre, deixando para seus quatro filhos apenas aquela casa das Laranjeiras. E isso foi muito importante para mim.“
Em 1928, casa-se com Annita Baldo; ele, 21, ela com dezoito anos. Ainda estudante do terceiro ano do curso de Engenharia e Arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em vez de trabalhar nas firmas de engenharia, como era a praxe entre os estudantes de engenharia da época, procura o escritório de Lúcio Costa e de Carlos Leão e oferece-se para trabalhar de graça.
Do agradecido Niemeyer:

“A partir do terceiro ano senti, como todos os companheiros, a conveniência de procurar emprego numa firma construtora. O trabalho paralelo que leva os estudantes a conhecerem melhor a profissão, além do salário que lhes dá outras facilidades. Resisti, não queria, como a maioria dos meus colegas, me adaptar a essa arquitetura comercial que vemos por aí. E, apesar das minhas dificuldades financeiras, preferi trabalhar, gratuitamente, no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão, onde esperava encontrar as respostas para minhas dúvidas de estudante de arquitetura. Era um favor que me faziam. E minha decisão, prova de que não era um espírito vazio e imediatista, que, ao contrário, tinha como objetivo ser um bom arquiteto. Como me foram úteis esses queridos amigos! Com eles aprendi a respeitar o nosso passado colonial, a sentir como são belas as velhas construções portuguesas, sóbrias, rijas, com suas grossas paredes de pedra ou taipa de pilão. E os telhados derramados a contrastarem com suas brancas paredes caiadas. Como arquitetos só me deram bons exemplos, honestos, irrepreensivelmente honestos, como aliás todos deveriam ser.” (Marcos Sá Corrêa em Oscar Niemeyer, p. 103 e 104)
Continua…
L.s.N.S.J.C.!
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