Continuação da postagem de 06dez.2022.
QUANDO os passageiros voltavam para a cidade, visualizaram um C-47
sobrevoando Aragarças. Pensaram que era um dos aviões prometidos pelo brigadeiro. Não sabiam que os C-47 legalistas já estavam no solo havia cerca de meia hora. O avião fez várias voltas como se estivesse reconhecendo o local. Era o C-47 2060, comandado pelo tenente Leuzinger. O aviador havia se atrasado em relação aos seus companheiros, porque na véspera, ele e alguns homens haviam se deslocado para várias localidades próximas com a missão de tirar do ar equipamentos de rádio, destruir alvos e conseguir víveres. Em consequência de ter se ocupado com essa missão, ficou sem se
comunicar – a exemplo do que ocorrera a Lameirão em Jacareacanga – com seus companheiros, desconhecendo que a tropa legalista já estava a caminho de Aragarças. Desconhecia também que os companheiros já haviam empreendido fuga. Leuzinger, ao constatar a presença em solo de dois C-47, julgou serem os 2025 e 2073 controlados por seus companheiros. Mandava a senha, mas não recebia de volta a contrassenha – estranho! A pista estava – novamente – obstruída com tambores, mas isso era o procedimento normal instituído por eles como defesa – por isso não lhe causou estranheza.

Contudo, observou que alguns homens fardados davam sinal com o dedo
indicando que estava tudo certo. Com a pista novamente liberada, Leuzinger, julgando estar sob controle a situação, decidiu pousar.
Leuzinger pousou e taxiou para a estação de passageiros. De relance, viu algo estranho na mata; talvez fosse uma metralhadora. Ainda assim, sem cortar o motor, freou o avião. Quando um de seus homens abre a porta, o tenente Gonçalves, aproximando-se, deu voz de prisão:
“Por ordem do major França, os senhores estão presos!”.
Imediatamente, o oficial rebelde, que ainda estava nos comandos, deu
meia-volta no avião e tentou, no limite, decolar a aeronave. Nesse momento, sob ordens do major França, militares lançaram tonéis vazios na pista. O avião já estava a dois metros de altura, quando, sob ordem de
fogo, tiros acertaram um dos tanques. Houve uma grande explosão e o
C-47 2060, devido também à carga explosiva que transportava (armamento e munições), transformava-se numa imensa chama causando um estrepitoso barulho de explosão.

Campanella fotografava tudo.
Cinco homens pularam da aeronave. Além de Leuzinger, foram presos
quatro civis, que trajavam macacão de voo da FAB: Chico Piloto, Cid,
Edmundo Wanderlei e Raimundo Nonato.

Nas palavras de dona Acendina:
“Dizem que não morreu gente, mas cheiro de carne assada tinha muito. Eles não falam”.
VALENTIM, Antonio. O País dos Militares e dos Bacharéis, pág. 313 a 316. Rio de Janeiro: Autografia, 2021.
L.s.N.S.J.C.!
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