
NOS PRIMÓRDIOS o esporte bretão era o campo de jogo, uma bola marrom, 11 homens de cada lado com um arbitrando, tudo isso assistido por alguns, que com o tempo foi se tornando uma multidão.
CENTROAVANTE era centerforward, e goleiro era goalkeeper. Na camisa não havia numeração, mas não era problema, porque todo mundo conhecia todo mundo, e não havia essa de trocar de clube como quem troca de cueca. As senhoras iam ao campo de jogo torcer as luvas ou o lenço, de nervosas conforme as jogadas iam se desenrolando, daí os milhões de aficionados desse esporte serem chamados aqui no país da bola simplesmente de ‘torcedores’. Não havia cartão amarelo, e se um atleta era excluído da contenda, azar do time dele porque não tinha como fazer a substituição de outro jogador. Cartão vermelho só foi criado a partir da Copa do Mundo jogada na Inglaterra, por coincidência o país inventor do futebol – que era foot-ball.
ANTIGAMENTE, essa diversão tinha dia e horário: domingo às 5 da tarde.
Se o time estava ganhando, era só matar tempo – ou fazer cera – atrasando a bola para o arqueiro, que jogava para outro jogador e este lhe devolvia e assim o tempo ia passando. E isso era ruim, ainda mais para o time que estava em desvantagem no marcador.
Por que se tornou um esporte tão popular por estes lados do oceano? Uma das explicações para tal popularidade certamente é a simplicidade e o fato de não precisar de muita coisa, basta um espaço – rua, praça, campo que nem precisa ter grama – uma bola, e naturalmente dois times, que nem precisam de onze jogadores. Diferente do basquete, não precisa de local coberto, e para a meta, bastam duas pedras para servir de gol. Não havia camisas para todos? Sem problemas, joga um time de camisas contra um sem camisas. Por essas razões, o esporte bretão se ajustou ao gosto das camadas mais humildes dos brasileiros, e por ser uma atividade em que a improvisação, a ginga, – habilidade física e motora – fazem a diferença, ficou à feição de nossa gente, habituada que sempre foi a driblar as vicissitudes da vida. Futebol não se aprende na escola. Quando muito, ela apenas aperfeiçoa alguns fundamentos.
Com o tempo o esporte foi evoluindo. Vieram os números na camisa, o cartão amarelo. A bola deixou de ser marrom, e hoje há bolas de todas as cores. Algumas regras também foram pouco a pouco acrescidas, como a proibição de o goleiro retomar com as mãos a bola atrasada, e também não a podendo reter por mais de seis segundos, e ainda a inclusão de mais bolas para reposição ligeira. Excelente, tudo isso ajudou a dinamizar o jogo: mais tempo de bola rolando.

Com a profissionalização do esporte e o advento da televisão transmitindo jogos ao vivo e em cores, tudo foi mudando cada vez mais. Muitas coisas para pior. As camisas, que antes só mostravam o escudo do clube e o número do atleta, foram ganhando mais informações. Chegaram as propagandas, inicialmente somente nas costas e depois na frente, depois nos calções, nas meias, nos ombros e onde mais houver espaço.
Tudo bem que todos precisamos de dinheiro, ainda mais um clube de futebol, com despesas cada vez maiores. Mas, futebol até a meia-noite? Isso já é demais. Times que mudam de camisa todo ano, clubes que mudam até de cidade, equipes que mudam de nome conforme seja esse o desejo do patrocinador! Isso tudo está matando o futebol.
É o que acontece quando o esporte bretão deixou de ser diversão para ser apenas um negócio.

Cuidado para não matarem a galinha dos ovos de ouro. Tempos bons que não voltam mais, como dizia o Lilico.
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